domingo, 25 de março de 2012

A ESCOLA PÚBLICA ESTÁ BEM E RECOMENDA-SE…

Quem disse que a Escola Pública anda mal?
Quem disse que os nossos jovens não se interessam por Política/Cidadania?
Pois é … mais uma vez a Escola Secundária de Palmela brilhou na Sessão Distrital do Parlamento dos Jovens!...
Realizou-se, no passado dia 13 de Fevereiro, no Auditório da Escola Escola Básica 2,3 com Secundário da Bela Vista (Setúbal), mais uma Sessão Distrital do Parlamento dos Jovens, cujo tema foi: Redes Sociais: Participação e Cidadania.
Foi gratificante ver como centenas de jovens do nosso Distrito se empolgaram e, com muita dignidade defenderam os Projetos de Recomendação das respetivas escolas, para depois, com a mesma dignidade, serem capazes de eleger as medidas que, independentemente da origem, seriam as que melhor qualidade e consenso reuniam para representarem todo o Distrito.
Neste contexto de exercício democrático, os jovens elegeram a Ana Sofia Teixeira, aluna do 11ºA da Escola Secundária de Palmela, para porta-voz dos Deputados de Setúbal na Sessão Nacional que irá decorrer nos dias 28 e 29 de Maio, na Assembleia da República. A Mónica Pereira, aluna do 12º E da nossa escola irá acompanhá-la, assim como a Patrícia Marinheiro, do 11ºA e o Daniel Anselmo, do 12ºE. Este será o nosso Repórter, concorrente ao Prémio Reportagem, pela segunda vez.
Agregado a este concurso, realiza-se também o Euroscola e, pela terceira vez consecutiva, é também a Escola Secundária de Palmela que irá representar o Distrito neste concurso, na expetativa de poder ir a Estrasburgo, no próximo ano.
Na sua apresentação, a Ana Sofia e a Patrícia defenderam a ideia de que as Redes Sociais poderão ser as Novas Caravelas do século XXI e até criaram um poema nesse sentido:

Redes Sociais
Não é dependência , é informação
Todos os dias , diariamente
A qualquer hora há uma ligação
Quem quer que seja o utilizador
É o combate à discriminação
Não interessa a religião ou a cor
Não há sequer hesitação
Cidadania e educação
Com cuidado e preocupação
Saber bem utilizar
Não gera desilusão
O ser humano no passado
Nem tinha televisão
Agora em todo o lado
Tem à internet ligação
Passam de 8 para 81
As redes sociais são as
Caravelas do século 21

A HISTÓRIA É IMPORTANTE

A HISTÓRIA É IMPORTANTE
Sim, a História é importante e nem vale a pena dizer porquê…
Mas então, quais as razões que estão a impedir que, em Portugal, um dos países com mais História, esta verdade seja evidente e se imponha por si?
Primeiro, as razões internas e ligadas ao modo como os nossos historiadores funcionam. Vivem ainda nas suas torres de cristal, cada qual no seu feudo e, pior, ignorando tudo o que venha do feudo vizinho. A ética do investigador ainda funciona muito mal: cita-se quem nos cita e/ou quem pertence ao escol mediático. Não se enfrenta o senso comum e preferimos dizer que somos politólogos, pois se dissermos que somos historiadores podemos afastar público. Só divulgamos iniciativas e obras de instituições e investigadores já com nome na praça. Não convidamos quem é especialista numa área, mas quem pertence ao nosso círculo. Plagiamos descaradamente aqueles que sabemos não terem meios de nos denunciar judicialmente, etc., etc….
Em segundo lugar, mas não menos importante, os docentes de História do ensino básico e mesmo do secundário, passam a vida a fazer catarse, mas, no terreno, continuam a perpetuar a História cronológica, objetica, meramente factológica. Continua-se a premiar a memorização e o simples despejanço de acontecimentos. A ligação ao presente faz-se por modismos e não sistematicamente. Se vivemos uma época de crise capitalista, lá nos lembramos da crise de 1929, mas não usamos sistematicamente a História como meio de o aluno entender o presente. Criticamos as falhas dos manuais, mas continuamos a basearmo-nos neles acriticamente, sem qualquer esforço de atualização. A investigação passa-nos ao lado, com a boa desculpa de que ganhamos pouco e alguém tem que nos dar formação. No fundo, fazemos como os alunos e dizemos: a culpa não é minha! Continuamos a dizer que houve um Ultimato em 1890, que a Constituição de 1911 foi a 1ª a dividir os poderes, que fomos pioneiros na abolição da pena de morte e outras linearidades!
Depois, por interesse corporativo, mais concretamente para não perdermos alunos, continuamos a ceder ao facilitismo e não exigimos uma seleção à saída do 9º ano, pois há uns anos a esta parte, as turmas de Humanidades são o depósito dos alunos que nunca leram um livro e não dominam a língua materna. Conformamo-nos com esta situação, cheios de medo de ficarmos sem horas, em vez de contribuirmos para a subida de qualidade.
Mas, para mim, o passo mais urgente a dar seria: em vez de perdermos tempo com ações de formação inúteis, para dentro, ou seja, dirigidas a quem já sabe que a História é uma ciência e que ser ciência hoje já não é procurar a subjetiva objetividade, devíamos atacar para fora. Devíamos tomar a liderança e fazer formação dirigida aos colegas daquelas áreas que teimam em viver o conceito pré-einsteiniano de ciência e explicar-lhes que hoje a ciência procura a multiperspetiva, a explicação no sentido plural e interdisciplinar. Enquanto ficarmos a cantar o fado de que a História procura a visão multiperspetiva, os outros acharão e farão os alunos, os pais dos alunos, os explicadores dos alunos… achar que é a História que é diferente. Claro que cada ciência tem a sua especificidade, mas ai da ciência que não tiver dimensão histórica! Só quando todos afinarmos pela mesma bitola de um novo conceito de ciência, é que todas as ciências encontrarão condições de se sentirem em pé de igualdade. Portanto, deixemos de dizer que a História é isto ou aquilo e digamos que ser ciência hoje é saber que nunca se fará o traço por baixo da soma e assim, sentindo-nos todos no mesmo barco, talvez alguém repare na História, não como a ciência das perspetivas várias, mas como uma delas, logo, não menor, pois nenhuma é objetiva e nem seria desejável que o fosse. Somos sujeitos, logo, subjetivos. E a ciência não existe independentemente do cientista. É o cientista, logo, o sujeito que faz a ciência; qualquer ciência, não só a História.
Plutão não deixou objetivamente de ser planeta! Os cientistas é que ajustaram o conceito!...