domingo, 20 de junho de 2010

Ano Europeu Contra a Pobreza e a Exclusão Social

UM CONTRIBUTO DA ESCOLA SECUNDÁRIA DE PALMELA
No passado dia 18, entre as 9 horas e 30 minutos e as 13 horas, realizou-se na Biblioteca Municipal de Palmela, a primeira de três sessões do Fórum «Como são a Pobreza e a Exclusão Social no Concelho de Palmela?», promovido pelo Centro Social de Palmela, no âmbito do Ano Europeu de Combate à Pobreza e à Exclusão Social.
Após a Sessão de Abertura, com a presença de várias entidades, nomeadamente, a Drª Ana Teresa Vicente, Presidente da Câmara Municipal e o Dr. António Caiado, Presidente do Centro Social, procedeu-se à entrega de prémios aos alunos vencedores do Concurso do «Cartaz Concelhio de 2010 – Ano Europeu de Combate à Pobreza e Exclusão Social»; para além de seis Menções Honrosas ganhas por alunos de várias escolas do Concelho (Hermenegildo Capelo, Poceirão e Secundária de Pinhal Novo), os três primeiros prémios foram atribuídos aos seguintes alunos: Inês Guedes e Francisco Pereira (Escola do 1º Ciclo/Loureiros); Bárbara Rodrigues (Escola Secundária de Pinhal Novo) e Joana Lopes (Escola Secundária de Palmela).
Seguiram-se vários momentos de divulgação do Projecto e de reflexão sobre o fenómeno da Pobreza e Exclusão Social, destacando-se a apresentação de um trabalho sobre o mesmo tema, pelos alunos do 11ºF (Turma de Humanidades) da Escola Secundária de Palmela, Carolina Mateus e João Condeça. Este trabalho, apresentado na Assembleia da República, no dia 26 de Abril, representou o Distrito de Setúbal no concurso de âmbito europeu intitulado Euroscola. Este momento de excelente desempenho destes jovens promissores ganhou o entusiasmo da assistência e motivou um interessante e profundo debate, envolvendo os participantes e desencadeando uma onda de optimismo e de crença nas potencialidades da Educação como único meio para enfrentarmos com eficácia os aspectos negativos da Globalização.
Ficou bem claro, nestes tempos de propaganda contra a Escola Pública, que os alunos adoram a sua escola e não a trocariam por nenhuma outra, o que nos obriga a reflectir também sobre o mau serviço dos rankings baseados apenas nas literacias tradicionais. Em resposta a uma questão que lhes foi colocada sobre este aspecto, os jovens convocaram o conceito de Inteligências Múltiplas e sublinharam que as literacias tradicionais são certamente importantes, mas não únicas, na formação do Cidadão Integral.
Parabéns Carolina e João, parabéns a todos os jovens que colaboraram na criação dos cartazes e aos organizadores e patrocinadores desta enriquecedora iniciativa do Centro Social de Palmela, a qual vai continuar em Setembro (no dia 17, na Biblioteca do Pinhal Novo) e em Novembro (dia 19, no Cine-Teatro São João). Juntem-se a ela! Ajudem a criar uma verdadeira Comunidade Educativa na linha das Cidades Educadoras, a que Palmela se associou há anos.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Textos com uma só letra

Desafiei os meus alunos a criarem textos usando apenas uma letra e partilho aqui os textos do Cláudio (Leta «C») e da Filomena (Letra «F»):


Conquistadores conquistados

Com catorze catapultas, cem cavalos, carradas caçadores, começou conquista; cantavam-se claramente ciganadas, cercando César, coitado.
- Cartago cairá! – César, com couraça cintilante costumada, congregava cinquenta cavaleiros cesarianos, conspícuos, congruentes. Conquistadores cartagineses caminhavam consecutivos, controladores; cantavam claramente cantigas, confidentes.
César conspirava:
- Calígula! Cláudio! Consolidem-nos!
Chefe cartaginês, ciumento, cortava cabeças com cimitarra cinzenta, causava caos citadino! Cinéreo cortante ... contra cristianismo celestial!
Claustro cristão concentrava clérigos, cruzadas, celtas, constantinos. Clemência cedera... cobardia chegara. Coliseus, cúpulas, colunas, capiteis coríntios cresciam com coerência captando chamamentos cesarianos. Cavaleiros concentravam coragem, correndo carismáticos contra caçadores cartagineses... condenados. Cartagineses compareciam com “cagaço”!
Cavalgaduras com cinco comprimentos, caninos claros caindo, corpanzil crespo carnudo, cambaleavam calcando... compactos.
Chovia. Chuva colossal, conflito colossal. Cem círculos celestes corriam. Consequência cruel... como cervos confusos, cartagineses coxeavam camuflando-se. Cavalgaduras com cinco comprimentos condenavam... cavaleiros conduziam crueza cesariana. Cristo: cronista circunstante, cireneu, castigador.
Cipreste crescia, cruzando caminhadas cartaginesas. Cupido, censurava:
- Cerdos cobardes! – cospe, conforme carência carinhosa.
Caminho curvilíneo conduzia cartagineses. Chovia.. Chuva colossal. Cartagineses cansados... cediam.. Cesarianos concentravam-se, crentes. Concluíram-se caridades, conforme cosmopolitismo contendor.
Com catapultas, cavalos, caçadores conjurando clemência, chefes cartagineses contrariavam caminhada, caminhada cansativa, circunscrevendo catástrofes, córrego corrente, colinas colossais, Cairo... Contra costas cartaginesas, casas costumadas. Conquistadores conquistados.

Cláudio “Capack”


Letra F – Filomena

I

Foi fácil frasear fantasiosamente: fatalidade febril fecudante. Fartura farsante fascinante. Fevereiro, filosofia fidedigna: frieza fixante forçosa!

- Formosura formidável, Florbela!
Florbela ficou fraquejante, fugitiva: fracturou fémur. Faltava franca fragilidade fotografando frenesim frémito! Ficou furiosa, foi frustante, fugaz. Felizmente fulminante funcionalismo: franzino fémur ficou fortalecido.
Fratricídio! Francisca faleceu... Flagrante frivolidade: frango frito! Firmamento findou... Falou Francisco, falso filantropo: filho, fidalgo, figurão, frangalho, fedelho!

II

Fracassou fotonovela, franzino fotógrafo: frade franciscano fragmentou fotómetro!
Fotonovela: fadas e faraós, famosas farsas fantasiadas... - Fantochadas! - falou Filomeno. Fatal favoritismo: falta farol!
Fazenda fastidiosa: faltam fantásticas feituras... Ficou fortificação fossilizada! Ficou forçado fracasso! Franquear fotografias frequentemente frustantes, frisar frequentes fáceis fracassos!
Foros fortalecem folgazões: frívola formidável folia! Flor flamejante: Flávia! Fatal fealdade: Flávio! Faustoso fascínio... Façanha facetada: fantasia fatigante! Finalmente fé! Fernando falou favoravelmente... Finalmente ficaram felizes!

III

Feriado! Finalmente fomos festejar! Fiasco! Foi, Fausto, fazer fofocas falando ficcionamente... Fiel figurina, Fausta fortaleceu-me! Fomos: fugindo!

Fundamental: Filomena.

domingo, 13 de junho de 2010

Uso e abuso da História

Feriado Municipal – Uma escolha incongruente!...

No passado dia 1 de Junho, Palmela comemorou mais um feriado municipal, o que é normal e salutar. O que talvez não seja congruente é comemorarmos o dia em que o rei D. Manuel I esvaziou o nosso Foral!
Sim, no dia 1 de Junho de 1512, D. Manuel I concedeu a Palmela (e a outras localidades) o chamado Foral Novo, documento lindíssimo na forma, mas com fraco conteúdo. Os Forais Novos foram um dos vários instrumentos de Centralização do Poder Régio, ou seja, retiraram aos Concelhos a sua real autonomia e transformaram-nos em meras listas de impostos a pagar ao poder central.
Assim, paradoxalmente, Palmela, querendo comemorar o poder concelhio, na verdade está a comemorar a desvalorização do poder local por um Estado cada vez mais centralizado e burocrático. Está na hora de reabrir o debate e alterar a data do nosso feriado, por motivos mais que óbvios.
Não gostaria de terminar esta minha reflexão sem sublinhar que a História, sendo uma ciência, deve ser dignificada como tal e, quando se pretende escolher datas significativas, deve consultar-se especialistas, sob pena de se cair em situações deploráveis.
E nem quero citar casos como o do mau gosto do Agrupamento de Escolas de Aveiro!...

Exposição na Cordoaria Nacional

A NÃO PERDER…
Sábado, dia 12 de Junho, pelas 10 horas, estive na Cordoaria Nacional (Lisboa), na inauguração de uma extraordinária exposição intitulada «Viva a República», onde a memória da Primeira República é visitada de um modo crítico e muito original, com especial destaque para os valores liberais e democráticos que ainda hoje nos inspiram. Tal como foi sublinhado pelo Primeiro-Ministro, esta exposição junta a competência científica, a estética e a modernidade. O Presidente da Comissão Nacional das Comemorações do Centenário da República, Artur Santos Silva, salientou a herança cívica da ideia republicana e a necessidade de se promover a reflexão e o debate sobre os grandes desafios que o mundo hoje enfrenta, o que só é possível através da valorização da ciência histórica.
O Comissário da exposição é o Historiador Luís Farinha e o Catálogo tem a colaboração de vários especialistas, tais como, Amadeu Carvalho Homem, António Reis, Ernesto Castro Leal, Fátima Patriarca, Fernando Catroga, Fernando Rosas, Medeiros Ferreira e Raquel Henriques da Silva. O Design Gráfico é da responsabilidade de Henrique Cayatte.
O horário é o seguinte: todos os dias, das 10 às 18 horas; a entrada é livre, mas as visitas guiadas exigem marcação prévia, por telefone (213628366) ou por mail (marcarvisitas@centenariorepublica.pt). O site oficial (http://www.centenariorepublica.pt/) dar-lhe-á mais pormenores.
Não queria deixar de lamentar o estado da nossa Comunicação Social, pois, pelo facto de, no mesmo dia se celebrar a nossa adesão à então CEE, apesar de lá estarem vários jornalistas e Tvs, nem uma nota surgiu sobre esta inauguração. Será que só interessam notícias mediáticas? A cultura não vende?
Só neste país é que se acha que a Cultura não interessa, mas a minha convicção é que será precisamente este país, com uma cultura ancestral e fronteiras estáveis que irá, no futuro, ter um grande papel na Europa, tal como já teve, aliás!...

Pestalozzi

Foi uma longa ausência, pois até me esqueço que tenho um blogue! Coisas de quem acha que isto tem algo de narcísico...
Mas agora apeteceu-me partilhar a minha experiência num projecto do Conselho da Europa com o nome do grande pedagogo contemporâneo de Rousseau, o suíço Pestalozzi. Não é por acaso que o CE intitula este projecto assim. Realmente, Pestalozzi criou uma pedagogia baseada em valores e assente na ideia de que o educador também deve ser educado.
Pois é, acabei de chegar de Cracóvia, onde participei no Módulo B. O Módulo A foi em Outubro passado, em Estrasburgo e ai os 27 participantes, de países tão diversos como o Azerbeijão, a Inglaterra, a Turquia ou Chipre, trocaram experiências e apresentaram materiais pedagógicos e estratégicas usadas nos sistemas de ensino dos seus países relativamente ao tema deste ano: A Prevenção de Crimes Contra a Humanidade. Depois, cada um gizou um ante-projecto que depois foi desenvolvendo e ajustando em função da sua aplicação e do debate gerado numa e-plataforma.
Eu divulguei a figura de Aristides de Sousa Mendes e salientei o facto de, contrariamente a Wallenberg e outros, este homem ter actuado sozinho e contrariando as ordens de Salazar, o que lhe valeu um futuro de miséria. O meu projecto foi, porém, sobre o Genocídio do Povo Maubere, o qual na altura não mereceu o interesse da comunidade internacional, de tal modo que, mesmo quando o Prémio Nobel foi atribuído aos timorenses, Ximenes Belo e Ramos Horta, na França, por exemplo, apenas uma rádio deu a notícia e deste modo: o Nobel da Paz foi atribuído a dois desconhecidos!
Bem, mas o tema aqui até nem é muito relevante, pois a preocupação é: como educar para a Prevenção de CCC (Crimes Contra a Humanidade)? Que competências devem ser desenvolvidas e como?
Disto falarei depois!
Até lá, vão opinando...