sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Frases sobre a Educação

No âmbito da coordenação do Projeto «Parlamento dos Jovens, Secundário», cujo tema é, este ano, «Educação, Que Futuro?», selecionei várias afirmações de especialistas, para facilitar o debate entre os alunos da minha escola e espicaçar o aparecimento de listas. Partilho aqui a minha mini-antologia:

JORNAL DE LETRAS, 17 a 30 de Novembro de 2010

Ana Maria Bettencourt:
«Não nos esqueçamos que a missão da escola pública é ensinar a todos. O que é uma boa escola? A que tem bons alunos ou a que consegue integrar e ensinar a todos da melhor maneira?»

Guilherme d’Oliveira Martins:

«Não há política educativa de curto prazo. É indispensável a formação de consensos duráveis e sérios, quanto a objetivos estratégicos e duráveis e quanto a uma avaliação exigente e rigorosa … a educação para todos tem de se ligar ao combate à mediocridade e ao reconhecimento da qualidade e das diferenças … importa contrariar a ideia de que a educação apenas cabe à escola … Aos educadores profissionais que são os professores temos de ligar os educadores naturais que estão nas famílias»

António Teodoro

«A expansão do acesso à educação, no caso português, coexiste com práticas antigas de organização escolar, assentes sobretudo na reprovação como meio de superação dos atrasos na aprendizagem, que tornam os percursos dos nossos jovens fortemente dependentes do estatuto sócio-económico das famílias»

Maria de Lurdes Rodrigues

«O debate sobre as questões da educação, vezes de mais, é baseado exclusivamente em impressões pessoais e preconceitos ideológicos e sociais, as chamadas ideias feitas, e em argumentação afetiva, dispensando-se a prova dos fatos e os argumentos lógicos e racionais»



FRASES RETIRADAS DA OBRA
A EDUCAÇÃO E O FUTURO

(Debate promovido pelo Presidente da República, Jorge Sampaio, durante a Semana da Educação 1998)

Rui Canário

«Os discursos sobre a educação apresentam-se estruturados por certezas e soluções. É importante que nos desloquemos desse terreno, para o das questões e dos problemas»
Eduarda Dionísio
«É difícil colocar a questão da Educação que tende a ser substituída pela do Ensino que prepara para a vida e que toma abusivamente o seu nome … o trabalho e o saber escolares, especialmente reprodutores, centram-se em aprendizagens formais e aplicam-se sobretudo a descrever, através de nomes e números, realidades parcelares cujo sentido é um pormenor»

Armando Tiago de Abreu

«A nova sociedade global não dispensa, como a antiga, a respectiva aprendizagem. É nesse enlace entre o global e o local que existe um conjunto de novas missões para o sistema educativo, missões tecnológicas, de linguagem, mas também éticas e comportamentais que constituirão a norma e a forma de estar na sociedade do futuro»

Clara Barros Queiroz

«Quando falo de tecnologismo (parente bastante próximo do cientismo) refiro-me à crença na tecnologia dos mais variados tipos como meio de solução para os mais variados e complexos problemas. Vou mais longe e diria que a tecnologia, quando encarada de uma forma acrítica, deificada, pode não só deixar graves problemas por resolver, mas criar outros … gostaria que dos ensinos básico e secundário saíssem jovens que, para além de saberem ler, escrever e contar, tivessem adquirido a prática de pensar. Numa palavra, que tivessem adquirido uma tecnologia que os ajudasse a participar na subversão do sistema»

Sérgio Niza

«Algumas actividades, designadas por projectos, hoje correntes nas escolas, correspondem normalmente a resposta às ofertas municipais, uma espécie de assédio, uma forma consumista de utilizar os meios disponíveis, um esbanjamento de meios traduzido num reforço de formas primitivas e atomistas de pensar … É urgente que se multipliquem os ensaios de concepção e de acção ecossistémica na educação para que as formas anquilosadas de pensar o presente e o futuro da educação não continuem a prevalecer»

Roberto Carneiro

«A inteligência comunicacional, as inteligências do coração – a inteligência afectiva e a inteligência emocional – a inteligência estética, a inteligência moral, ou a capacidade de discernimento, reclamam novos equilíbrios na educação e diferentes gestões do que é verdadeiramente importante numa escola … O conhecimento total não é necessariamente o conhecimento codificado; bem pelo contrário, ele é continuamente produzido, transmitido e partilhado essencialmente numa dimensão subjectiva … O conhecimento mais importante não é algo que esteja num livro, num currículo. A função essencial de um professor não é a de administrar conhecimento objectivo e enfiá-lo dentro da cabeça de uma criança ou de um jovem»


Guilherme D’Oliveira Martins

«A educação vê-se perante uma situação dilemática – a de ter de compatibilizar a democratização e o direito de todos à educação com a qualidade, o rigor e a exigência … terá de ser sempre orientada para a cidadania … contra a tirania da uniformização … evitando a tentação de privilegiar os aspectos formais de avaliação em detrimento da eficácia educativa»

Diana Andriga

«Devemos combater o discurso empresarial que acusa a escola de ser demasiado teórica, o que já contagiou professores e estudantes; há duas vertentes nesse discurso: uma, positiva, que entende a prática como coisa indispensável, mas sem dispensar a teoria; outra, que entende as escolas como aviários de futuros trabalhadores, tecnicamente muito preparados, mas menos bem preparados intelectualmente»

António Ravara

«A reforma que urge nas escolas não é curricular, é de valorização da formação de valores … a avaliação orientada para a prova escrita não privilegia a vontade de compreender e fazer percursos pessoais … A docência é incompatível com a acomodação, o funcionalismo ou a incompetência»

Emília Nadal

«A prática de expressões artísticas, das tecologias e do desporto – quando existem nas escolas – são entendidas como componentes lúdicas e como terapias harmonizadoras para adolescentes e escolas com problemas de integração e violência. Só muito raramente aquelas disciplinas são percepcionadas como actividades reflexivas e como linguagens específicas que integram a racionalidade e a sensibilidade, que estimulam a imaginação e as potencialidades criativas, ao mesmo tempo que facultam a cada aluno a descoberta de si mesmo e da sua expressão individual»

Maria Odete Valente

«É no levar os alunos a aprender a pensar por si e com os outros, que me parece situar-se a função primeira da escola, da qual não podemos prescindir, mesmo quando lhe acrescentamos outras missões … os processos de inovação educativa ou são bem enraizados e sustentados no terreno ou estiolam e nada acrescentam, consumindo, porém, muita energia e recursos … uma intervenção pontual e não regulada, não passa de acontecimento passageiro, perde-se, não deixa raízes estruturantes e a mais ou menos curto prazo fica à deriva, esgota-se e inutiliza-se a si próprio»
«O ensino secundário transformou-se numa louca corrida dirigida exclusivamente para os exames de acesso ao ensino superior, onde deixa de haver tempo e lugar para a formação global do jovem, para a sua formação pessoal e para a participação na vida social. A competitividade passou a ser a regra e tudo o que se traduza em menos concentração de tempo na preparação das provas específicas de acesso é reduzido ao mínimo possível. E neste jogo entram pais, alunos e professores … perante exames de qualidade duvidosa, peça menor para avaliar a capacidade de um aluno concluir uma licenciatura e vir a ser um excelente profissional»