sexta-feira, 18 de abril de 2008

PASSOS A PERCORRER NA CONSTRUÇÃO DE UM QUESTIONÁRIO

1. Consulta de especialistas, bibliografia e população-alvo.

2. Selecção da amostra.

3. Modelo de análise (conceitos e hipóteses estreitamente articulados entre si para, em conjunto, formarem um quadro de análise coerente).

4. Formulação dos itens (objectividade, simplicidade, relevância, credibilidade, validade, clareza, evitar questões múltiplas, que induzam a resposta, ofensivas, sobre assuntos delicados…).

Segundo Hill, Manuela e Hill, Andrew ( Investigação por Questionário. Lisboa: Edições Sílabo, 2002: 96), é necessário evitar as seguintes falhas:
- Perguntas múltiplas
- Mistura de conjunções e dijunções
- Perguntas indefinidas
- Perguntas não-neutras.

5. Análise e selecção dos itens (Teste piloto ou pré-teste; análises quantitativas e qualitativas – entrevistas exploratórias).

6. Organização dos itens (Por dimensão? Por sequência lógica? Questões simples, de elevado grau de interesse ou questões difíceis, com reduzido grau de interesse?).

7. A organização visual deve ser atraente, o espaço entre os itens deve ser adequado, deve ter introduções breves e claras e com um tipo de letra diferente do das questões, as páginas devem ser numeradas, assim como os itens e deve ter uma nota final a agradecer, a solicitar a devolução atempada…

Segundo Hill e Hill (2002: 83) «É muito fácil elaborar um questionário mas não é fácil elaborar um bom questionário» e o segredo está no planeamento.

Assim, estes autores sistematizam os seguintes 12 requisitos:

1. Listar todas as variáveis da investigação, incluindo as características dos casos.

2. Especificar o número de perguntas para medir cada uma das variáveis.

3. Escrever uma versão inicial para cada pergunta.

4. Pensar cuidadosamente na natureza da primeira hipótese geral e nas variáveis e perguntas iniciais com ela associadas. Identificar em seguida que tipo de hipótese se tem (As que tratam de diferenças entre grupos de casos ou as que tratam de relações entre variáveis?).

5. Consoante o tipo de hipótese geral, decidir quais as técnicas estatísticas adequadas para testar a hipótese e ter em atenção os pressupostos destas técnicas (Que tipo de escala de medida: nominal, ordinal, de intervalo ou de rácio?).

6. Decidir qual o tipo de resposta desejável para cada pergunta associada com a hipótese geral:

a) Qualitativas descritas por palavras pelo respondente;
b) Qualitativas escolhidas pelo respondente a partir de um conjunto de respostas alternativas fornecido pelo autor do questionário;
c) Quantitativas apresentadas em números pelo respondente;
d) Quantitativas escolhidas pelo respondente a partir de um conjunto de respostas alternativas fornecido pelo autor do questionário.

7. Com base na informação dos passos 4, 5 e 6, escrever a hipótese operacional.

8. Considerar as perguntas iniciais (e os tipos de respostas) associadas com a primeira hipóteses operacional e, caso necessário, «poli-las» por forma a chegar a versões finais para incorporar no questionário.

9. Verificar se as versões finais das perguntas ainda estão adequadas para testar a hipótese operacional.

10. Repetir os passos 3-9 para as outras hipóteses gerais.

11. Escrever as instruções associadas com as perguntas para informar o respondente como deve responder.

12. Planear as secções do questionário.

A primeira secção deve ser sempre para obter informação sobre as características dos casos (= respondentes: pessoas, famílias, instituições, sectores da indústria, países, regiões de um país, etc.) para os descrever e deve obedecer às seguintes regras:

a) Escolher apenas as características estritamente relevantes para evitar o aumento do comprimento do questionário e do risco de falta de cooperação do respondente.

A Investigação por Questionário

Vantagens:

. As questões embaraçosas não inibem o entrevistado.

. Há menos possibilidade de enviesamento pelo inquiridor.

. A análise pode ser automatizada.

. Pode aplicar-se a um maior número de pessoas e em menos tempo.


Desvantagens:

. Oferece poucas hipóteses de motivar o inquirido a responder.

. Impossibilidade de acrescentar dados suplementares.

. Impossibilidade de ajudar no caso de haver dúvidas por parte do inquirido.

. Maior superficialidade das respostas.


In http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/ichagas/mi2/QuestionarioT2.pdf (consultado em 17-4-2008)