sábado, 5 de abril de 2008

O papel do investigador

A propósito do papel do investigador, gostaria de lembrar aqui as palavras de Paul Veyne (Como se escreve a História, Edições 70, Lisboa: 1978, 12)que vão no sentido de que a crença na objectividade é o maior logro de qualquer investigador, de qualquer investigador e não apenas do especialista em ciência social:

«O caso do físico é um pouco o dum selvagem engenhoso que, à força de remexer os comandos dum automóvel, tivesse descoberto que rodando a chave e ligando a ignição, pode pôr o motor em marcha, o qual lhe permanece oculto sob a capota bem fechada. A partir do seu modelo de pôr em marcha, ele não deixará de elaborar hipóteses sobre o que pode realmente ser esse motor, mas nunca lhe será dado ver o motor com os seus olhos. Poderá mesmo acontecer que se tenha elucidado da função de bordo, mas nem mesmo poderá saber se a sua ciência do motor está acabada e seria vão perguntar-se, pois é vão interrogar-se sobre o que escapa à nossa apreensão... físicos ou historiadores, nós não estamos nunca seguros de nada».

Não esquecer também o que nos avisa Karl Popper: A ciência apenas pode contentar-se em procurar eliminar as teorias erradas!