sábado, 7 de abril de 2012

A Crise e a Formação de Professores

A notícia de que as ações de formação ministradas pelos centros de formação vão ser pagas (e bem pagas!) surpreendeu muita gente. É a crise, é a crise…dizem…
Mas as crises sempre foram um estímulo para grandes mudanças!
Tal como o mau hábito de tomar o pequeno-almoço fora de casa (que os portugueses adquiriram durante o tempo da abundância) pode ser agora banido, devido à crise, também as resistências às novas tecnologias podem, finalmente, ser rapidamente ultrapassadas, com o empurrãozinho da crise.
Até agora, falar em formação pela via virtual fazia sorrir os professores, até mesmo os mais modernos. Como se pode aprender com a mediação das TICs? Usar a moodle, por exemplo, só mesmo para acumular uma série de recursos que os alunos vão colhendo e nada mais. Que é isso de criar comunidades virtuais de aprendizagem? Não há como a interação face a face!
Pois é, mas agora que os centros vão cobrar na ordem dos 70 e 80 euros, mais o dinheiro da gasolina para as deslocações, bem, talvez esteja na hora de percebermos quão rídiculo é o nosso preconceito contra o e-learning e talvez se comece a perceber que já há estudos sobre o assunto. A pedagogia e a aprendizagem em plataformas digitais já se faz com uma base científica e está comprovado que a formação de professores também pode e deve ser feita por esta via. As mais-valias são imensas até pelo caráter assíncrono que permite a cada um gerir melhor o seu tempo e, comodamente, a partir do conforto do seu lar, interagir ativamente com os seus pares, usando uma diversidade imensa de ferramentas e acedendo a recursos que, de outro modo, dificilmente teria oportunidade de digerir.
O excelente estudo, recentemente publicado pela De Facto Editores, coordenado pelos Professores Doutores Angélica Monteiro, José António Moreira e Ana Cristina Almeida, sob o título «Educação Online, Pedagogia e aprendizagem em plataformas digitais», fornece uma série de pistas para todos aqueles que, aproveitando a conjuntura de crise, pretendam entender as potencialidades da educação online, superando aquela fase arrivista da tecnologia pela tecnologia.
Deixo-vos um desafio que Óscar Mealha (Professor do Departamento de Arte e Comunicação da Universidade de Aveiro) lança no Prefácio da obra: «aproveito este momento para também desafiar os colegas do ensino não superior a testarem muitas das abordagens deste livro. (…) para qualquer professor que tenha a genuína intenção de aumentar a eficiência da aprendizagem dos seus estudantes, com recurso a contextos de educação mediados tecnologicamente (…) Um livro em que decididamente a tecnologia só aparece para se subordinar a servir os propósitos do ser humano, como deve ser.»
Portanto, a crise é o pretexto ideal para nos modernizarmos e ultrapassarmos a fase maniqueísta relativamente às TICs: ou a usamos como panaceia, confundindo meios com fins, ou a rejeitamos de forma linear e acrítica!...
Nenhuma destas vias é aceitável neste início do século XXI!...
Da corrida obrigatória ao Quadros Interativos, passemos à descoberta das potencialidades da verdadeira aprendizagem colaborativa. Repensemos a aprendizagem em plataformas digitais.

1 comentário:

odilia.gontardo disse...

Idem, com a atual situação do covid 19.